Romance do Pavão Misterioso

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Da esquerda para a direita: Sílvio Holanda, Tetê Macambira, Aristides Neto (em pé), Patrícia Cacau, Monteiro, Arusha Oliveira (clique de Cícero)

 

Sobre o folhetim

No domínio público, consta como autor João Melquíades Ferreira,   mas há controvérsias!, pois outras tipografias grafam o nome de José Carmelo de Melo Resende – sendo que pesquisadores defendem este último. Guerras autorais à parte, este cordel surpreende por tratar tangencialmente (publicado em 1923) da industrialização e do uso do termo “capitalista”. Embora se trate de um romance, um caso de amor, a aventura em terras exóticas (Grécia e Turquia) é atrativa e repleta de significados.

Estrutura

142 sextilhas, redondilhas maiores (heptassílabos), esquema rímico xaxaxa. 

Personagens

João Batista e Evangelista – irmãos herdeiros de uma fábrica de tecidos na Turquia.        Creusa – beldade na Grécia.                                                                                                Edmundo – artista e inventor na Grécia

Enredo

O pai morre e os filhos João Batista e Evangelista assumem os negócios até que o primeiro resolve viajar e Evangelista pede que o irmão lhe traga algo bonito. João Batista atende ao pedido e traz uma foto da moça mais bonita que vira na Grécia. Evangelista apaixona-se pelo retrato e parte em busca da moça com intenção de se casar. E assim começa a aventura.

Notas

1 – Monteiro acredita que algum caixeiro-viajante (ou afins) possivelmente tenha contado essa história, o que justificaria tanto os lugares exóticos da narrativa, quanto os nomes brasileiros às personagens turcas e gregas;

2 – Arusha defende o medievo caracterizando a história, em que se percebe a forte marca da oralidade, além da donzela precisando ser resgatada da guarda draconiana na figura do pai;

3 – Observância do “mágico” nos presentes dados por Edmundo: a serra azougada (que corta tudo, melhor que faca stone flavor) e o lenço enigmático (clorofórmio que não se acaba, pelo visto!), ratificando que Edmundo faz o papel de sábio, em um misto de inventor e alquimista;

4 – a jornada do herói também é francamente perceptível nessa história: o herói sai de sua “zona de conforto” (de Turquia para Grécia) em busca de algo que lhe seja valioso (Creusa), busca um mentor (Edmundo) que o ajuda e lhe fornece ferramenta(s) (serra e lenço) que ajudarão o herói. O herói tem que disputar com um inimigo (pai de Creusa), corre risco de morte (ou morre) e volta ao ponto de partida não sendo mais o mesmo (Evangelista casa-se com Creusa).

5 – Monteiro levantou a questão da espantosa ausência de religiosidade; tema ordinário a um povo afeito às questões de Deus – tornando a obra mundana, ao que Arusha completou lembrando que era o sultão quem dá as bênçãos ao casal, afirmando que isso comprovaria o caráter medieval da obra;

6 – Cacau finalizou que essa história é um convite a se transcender o comum,  que devemos ir e ser além do que o esperado.

Próximo encontro
Próximo domingo: Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho

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Zenóbia conta que, aos 7 anos, ela era uma concorrida ledora dos cordéis entre os moradores de Unha de Gato, em Ipaumirim (antiga “Lagoinha”). Quando ela chegava, anunciavam logo entre si: “Zenóbia chegou! Zenóbia chegou!”. E acorriam  para a leitura pública dos versos dos livrinhos. “Os Sofrimentos de Alzira” (Leandro Gomes de Barros Leal), conta-nos ela, era o mais difícil; todos chorando e ela ali, tendo que se segurar.

Zenóbia, cujo nome vem do grego significando “vida dada por Deus”, aceitou graciosamente o desafio de voltar aos tempos de ledora e nos brindar com uma leitura de algumas estrofes no próximo domingo, 31 de março, a partir das 9h30.

Essa partilha não se pode perder!

Dona Chita Café – rua Desembargador Praxedes, 1995

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